A primeira parte da noite foi da (ou do?) Jules Reidy (lê-se reedy) a solo numa guitarra de 12 cordas com algum processamento de harmónica e voz, e de Werner e Grubbs em duo, numa peça que começou com voz recitada e eletrónica e acabou com guitarra elétrica. Nota-se que são bons músicos. A Reidy sabe quando não inventar e sabe quando tem de dar a intensidade certa na combinação de guitarra e eletrónica. Dos outros dá para perceber a apropriação e manipulação de voz e piano com um toque subtil de quem sabe. Fiquei a saber que o Werner é dos Mouse on Mars, mas ouvi sobretudo os Gastr Del Sol do Grubbs.
Penso que o trio não foi tão interessante como os sets a solo ou em duo. Aliás, o conflito entre três músicos tão díspares, parece ter criado aquele tipo de tensão vulgar no âmbito da música improvisada, no qual não se criam espaços e dinâmicas voluptuosas. Não são os músicos do clímax do improviso, mas também não são os exímios das minudências e das figurações mágicas. Perdi-me durante o trio. Andei a divagar. Não consegui distinguir as diferentes energias que emergiam no traço contínuo entre as guitarras e, com alguma pena, perdi a memória do momento. Era também o fim da noite e pensamentos embriagados pelos perfumes demasiado doces. Houve alturas em que preferi escutar a música num cenário imaginário, num universo paralelo que não acontece. Mas foi interessante ver o Grubbs ao vivo e perceber o contexto da música da Reidy. As electrónicas do Werner também pareciam interessantes, mesmo com as manipulações abruptas de voz cantada ao telemóvel.

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